Íntimo

Fé cega

Consciência amolada 

Alma intestina

Baixo ventre

Eternos no instante 

Narrativas máximas, verdades mínimas

Supostamente

Suposta mente

Sub posta mente

Póstuma 

Mente

Lavo

Passo

e

Vôo

Ouro de Ofir

Indígenas cruzaram o Estreito de Bering, judeus anussin forçados, brancos nauseados em naus catrinetas, negros comercializados lá nas bandas do Daomé. Somos todos estrangeiros nessa Terra de Vera Cruz.

Vibratto (o corpo e o tempo)

O corpo vibra

Porque tem fibra

Que com o tempo migra,

Abriga e desobriga.

Leviatãs
Basiliscos
Serpentes mentoladas

Medusas

Seres coroados

Apenas às mulheres

o toque 

Kundalini de safiras

Ouroboros 

Vida-morte

Eternamente 

Hai Kai ki

Aperto 

o passo

Apressada

pra

Passar

_ Passado

Rio-Macondo

Rio-Macondo

Águas de pernas compridas

Dilúvio simbólico

Que restaura o vivente: 

Lama

Mangue

No outubro caldaloso

O céu carregado

Ganha mares

Ensaio Sobre a Cegueira:

Branco

Leitoso

tempo verbal:

houve e haverá
se encontram
hoje

Almaza

Almaza

En.cantadora de fados

Teu canto ecoa

Por toda Alfama, 

ameno

seguro

Xale rúbio enrolado

Em 700 ramos d'alecrim

No Douro do verão

Dão

Diva moura

Apascenta

Tanta saudade e banzo

Neste peito lusitano

Ora pronobis:

Santa Ira,

Rogai por nós!

Azul

Índigo.
Celeste.
Piscina.
Turquesa.
Real.

Hortência.

Ciano.
Anil.
Pastel.
Marinho.

Lavanda.
Esverdeado.
Cobalto.
Metileno.
Lazúli.

Azulelar todos.

menopausa

o verão 

habita em mim

frege moabita

filho-neto de lot

bafo elísio

no cangote

refém dos fluidos

da química tardia

do corpo

caatinga andarilha

o gerânio do egito

ajuda a burlar

a matéria bruta

os calores

intermitentes

abandonada

quedo-me assim

serenada

pacificada 

[águas me trazem

humores não me carreguem]

anatomia da palavra

de sidere
sideral
além das constelações 

do mazal 
o desejo habitou entre nós

Pós-Modernos

Passo passado

Apressado

Pra não passar em brancas nuvens

Individualismo

Rima rica

Com livre mercado

Carne exposta nas

Vitrines de Amsterdão

:um mundo pra chamar de meu

:muita hesitação pra ser seu

O queer da questão

Pode ser

O ovo da serpente

O vírus pandêmico coroa

A evidência da alma coletiva de Adão

Mas o circo dos horrores 

Está montado 
Na periferia e
No Salão Negro 

Macunaíma 

é aprendiz de juiz

A vítima se transforma em algoz

Em fetiche de dois

Ninguém mete a colher

Esquerda direita, volver!

multidão

toda a gente
vive em mim
e me acompanham
sem cerimônias

quando deito 
fingem se aquietar 

adocicam meu paladar
vivem do lado de dentro 

no meu avesso 

anverso 

multiverso
meio-inteiro

colidem na quina 

se revezam 
na rebordosa do sonho

Lishna

Se palavras 

simbolizassem sons

Ao invés de coisas

A vida seria 

uma sinfonia

Fluxo, movimento, pulso

Verbo rei 

que nunca se esgotaria

Sefirat

Nós,partes,
por hora,
vivemos o
exílio da
vã idade.

O excesso e a miséria 

são filhos

diletos da cegueira.

específico pessoa

morresse o eu
sobrevivesse o nós
reconduzidos
à tribo,
ao paraíso primordial

morresse o nós
sobrevivesse o eu
despertada 
a consciência,
o narcisismo do ser

talvez a preguiça
descobrisse a urgência
do movimento

a ganância
se saciasse com
o basta

a ira se libertasse
por meio da graça e
do perdão

o orgulho não se
indignasse com a
frustração

a luxúria 
se distraísse do
objeto da sua compulsão

a gula
vivesse do 
pó estelar

e a inveja
fizesse as pazes
com D'us

Salomônica

Nada novo 
sob o céu.
Tudo, de novo, 
sob o céu.

Rio 72

O primeiro
soutien
[cor de pele]
peguei
emprestado
da
mãe.
Abraxas
na
vitrola,
presente
do
pai.
Concussão
de
estrelas
em meio
a
essa
primavera
copiosa.

Bhumi

lua de
Bhumi
papel de seda
noturno
índigo blue

Leviatã

Thanatos,
à esquerda,
travestido
de Eros.
Sonhei 
o caos
por muito
tempo, 
peguei atalhos
juvenis.
A serpente
mentolada
não passava de
um espectro.
Desfocado. 
Indizível.

Cerrado

Sobre a mesa

Sobremesa

Você e eu
Descompostos
A lua cheia
Fez 
Fiu-fiu

Alma Brasilis

Da Caixa de Pandora
O mais saliente é
Esse erê curumim
A cultuar
O pai patrão
Acorrentado